terça-feira, 17 de abril de 2007

COMO IMPLANTAR UM CLUBE DE XADREZ (UMA EXPERIÊNCIA)

ESCOLA ESTADUAL JERÔNIMO ROSADO
CLUBE DE XADREZ ESCOLAR PENSART
PROFESSOR COORDENADOR: WILLIAM PEREIRA DA SILVA


COMO IMPLANTAR UM CLUBE DE XADREZ (UMA EXPERIÊNCIA)
Por William Pereira da Silva

Tentarei repassar como implantei um clube de xadrez escolar na E.E. Jerônimo Rosado contando um pouco da minha trajetória no xadrez durante estes dez anos. O Relato terá como objetivo dar subsídios para quem quer implantar um clube e entendam como consegui meu intento e as dificuldades encontradas.
No ano de 1974 conheci o xadrez nesta escola como aluno e praticava o xadrez apenas por lazer. Em 1995 era técnico no basquetebol e tive de deixar a modalidade, para preencher minha carga horária e necessitava de outra atividade, descobri que nos JERN’S (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte) existia a modalidade de XADREZ, já que conhecia um pouco resolvi assumir esta modalidade que teve certa aceitação pelos alunos, mas era grande a incompreensão dos colegas da educação física motivado pelo xadrez ser sentado e as modalidades esportivas de quadra sempre foram supervalorizadas, a importância era colocar alunos em movimentos. Resistindo as criticas continuei no xadrez e no ano de1996 fui convidado para ser diretor-técnico da modalidade de xadrez nos jogos escolares e comecei a perceber a aceitação no meio escolar e a cada ano a modalidade crescia em número de participantes. Entusiasmado comecei uma pesquisa e implantei o xadrez como modalidade esportiva e atividades extra classe numa pequena sala com cinco tabuleiros e peças. Durante estes dez anos com mudanças de diretores na escola que não compreendiam meu projeto sempre minha sala era destruída ou colocada num cantinho bem pequeno. Fui preservando o material e mantendo as atividades do xadrez de forma precária e dando aulas em qualquer lugar dentro da escola. No ano de 2002 comecei uma pesquisa sobre o xadrez nos laboratórios de informática que existia na escola e através da internet conheci O MUNDO DO XADREZ, e vi que o xadrez escolar estava bastante difundido em todo Brasil avançando em passos largos e comecei a idéia de implantar definitivamente UM CLUBE DE XADREZ com uma sala para no mínimo vinte e no máximo quarenta alunos, montei uma sala com mesas e cadeiras, dez tabuleiros, dez conjunto de peças( Consegui o material na própria escola e doações de alguns funcionários e amigos), fiz divulgação em toda escola, sala por sala, e durante este ano a sala funcionou satisfatoriamente. Mais uma vez pela incompreensão de diretores incompetentes minha sala foi destruída e perdi parte do material numa reforma realizada na parte física escola. Não desisti, finalmente no ano de 2004 resolvi “fincar o pé no chão” e determinado, consciente da importância e evolução do xadrez escolar montei uma sala num laboratório de física que estava sucateado, abandonado e transferi todo material para o laboratório de química. Com a sala desocupada comecei a implantação do CLUBE DE XADREZ ESCOLAR PENSART.
Primeiro elaborei um projeto de xadrez para dar ciência a toda comunidade escolar e aos dirigentes da educação.
MONTANDO O CLUBE DE XADREZ ESCOLAR
O primeiro passo para quem pensa em criar um clube de xadrez (Ou uma sala para a pratica do jogo) é o local e material suficiente para a quantidade de alunos ou participantes que pretende alcançar. Comecei conseguindo mesas e cadeiras em escolas desativadas para realizar os jogos escolares na modalidade de xadrez numa sala na E.E. Jerônimo Rosado, em seguida insistindo muito solicitei a diretora em exercício algumas mesas tirando uma de cada setor da escola ( duas da sala professores; duas da Biblioteca; duas do Departamento Educação Física...) com as cadeiras do mesmo jeito. Montada a sala com mesas e cadeiras solicitei material da direção da escola e consegui com muita dificuldade 20 tabuleiros de nigth today (parecido com napa, confeccionado em serigrafia) e comprei pela internet dez conjuntos de peças de polietileno pelo preço de R$ 22,00. Juntei com o material restante tendo material suficiente para dar aulas para quarenta alunos. O material de xadrez pode-se conseguir de mil maneiras: confeccionando junto com alunos e professores de arte, pela internet, comprar em lojas da cidade, serigrafia. Pode ser de madeira, plástico, polietileno, vidro, chumbo, ouro depende do poder criativo e aquisitivo das pessoas envolvidas no projeto.
Com a sala pronta definir horários de funcionamento. Evidentemente para conhecerem seu projeto, sua sala, seu clube, suas intenções, faz-se necessário uma grande divulgação dentro da escola em conversas nas salas de aula e diversos setores explicando os objetivos do seu trabalho com o xadrez, cartazes em mural, oficinas nos corredores da escola, imprensa em geral, enfim fazer conhecer a comunidade escolar e ao público em geral suas intenções e ações pretendidas. Com tudo pronto, sala arrumada e horários definidos esperar alunos e freqüentadores.
Metodologia aplicada

Chegava à sala nos horários pré-estabelecidos colocava o material em cima da mesa e na medida em que chegavam os alunos entregava o material para ser montado na mesa escolhida. Caso estes já soubessem jogar esperava alguma solicitação. Os que não sabiam eram orientados como utilizar o material e dispunha-me a ensinar as primeiras lições sobre o xadrez desde uma pequena história do xadrez, seus objetivos pedagógicos, noções básicas do tabuleiro, nome e movimentação das peças, objetivo do jogo que é o XEQUE-MATE e de acordo coma aceitação e disponibilidade do aluno ia aprofundando nos ensinamentos das jogadas especiais, aberturas, meio jogo etc. etc.
Com a continuidade e freqüência dos alunos realizava o cadastro de todos com nome, turma, série e data de nascimento no intuito de ter o controle e saber possíveis alunos que matavam aulas no clube, ter um levantamento da quantidade de freqüentadores, selecionar possíveis interessados em participar de campeonatos e torneio para prepará-los melhor em aulas especiais e horários específicos. Tudo era coordenado como numa sala de aula normal. Como tinha um sentido de clube também oferecia horários nos finais de semana que é ideal para realizações de torneios e campeonatos. No xadrez acontece uma educação comunitária os que sabem mais vão ensinando os que sabem menos, é bonito ver que todos aprendem em comunhão, há uma troca de experiência e conhecimento de acordo com o descobrimento de novas jogadas, novas estratégias. Só existe a disputa acirrada somente na hora do jogo, da competição, “ninguém tem pena de ninguém” é “um por si e Deus por todos”, mas no geral as coisas acontecem em harmonia. O restante agente vai descobrindo junto com os alunos aprimorando o funcionamento e trocando experiências.
A Diretoria do Clube forma-se com os freqüentadores sejam alunos, funcionários professores ou visitantes e os fominhas que não saem de perto da gente.

Exemplo de uma diretoria: (Podem-se formar mais cargos e funções). È interessante que o diretor seja o professor de xadrez, coordenador do projeto, professor da escola, funcionário, isto é, alguém que sempre esteja presente no Clube de xadrez e tenha liderança e respeito da comunidade dos enxadristas.
Presidente
Vice-presidente.
Diretores Administrativos.
Diretor financeiro.
Coordenador de eventos.

Dando continuidade aos trabalhos para quem pretende e quer conhecer o MUNDO DO XADREZ torna-se necessário pesquisar na internet, livros, revistas, jornais, clube existente na cidade, alguém com experiência no xadrez, enfim envolver-se com as atividades existentes na sua comunidade, cidade, escola. O envolvimento e o compromisso é a chave do sucesso em qualquer projeto.
TODAS AS COISAS SÃO POSSÍVEIS, QUANDO SUSTENTADAS POR SONHOS E VALORES CONSISTENTES.

Um comentário:

Jerfferson Ferrugem disse...

Parabéns pelo texto. Eu estava justamente procurando algo desse tipo para me orientar a tocar pra frente um projeto que tenho em mente; que é o de montar um clube de xadrez escolar no município de Serra do Mel, onde trabalho como professor de Matemática.

A idéia é recente e só hoje pude ter uma conversa rápida com o Secretário de Educação do município. O mesmo se mostrou interessado, mas falou logo da limitação financeira por ser algo que não consta no orçamento deste ano, todavia, se mostrou bastante receptivo à idéia e me falou para levar adiante o projeto.

Era exatamente isso que eu estava esperando ouvir.

Falei com ele que meu próximo passo seria disseminar a idéia entre os alunos e fazer um levantamento de quantos estariam interessados em aprender xadrez na escola. A partir daí, poderemos ter uma idéia de quanto de material iremos precisar para começar com as aulas.

Cara... Tô empolgado.

As aulas serão aos sábados, em horário ainda a definir, mas acho que o período da manhã seria o mais adequado.

Bom, vamos ver no que vai dar...

Gostaria que o colega me desse alguma dica adicional, caso tenha, para me ajudar na implantação desse projeto. Uma dúvida que tenho é com relação ao material a ser usado.

Mais uma vez, parabéns pelo texto.

Até uma próxima,

Jerfferson